13 de novembro de 2013

APROXIMANDO-NOS DA ARGUMENTAÇÃO



Todo texto visa a convencer o seu leitor de alguma coisa. Ou seja, todo texto procura fazer o leitor aderir a uma determinada opinião. Para isso, o produtor aciona diversas estratégias, que denominamos procedimentos argumentativos. Tomemos um exemplo.  De que procura nos convencer o texto a seguir?


Retrato de uma princesa desconhecida

(1)     Para que ela tivesse um pescoço tão fino
(2)     Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
(3)     Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
(4)     Para que a sua espinha fosse tão direita
(5)     E ela usasse a cabeça tão erguida
(6)     Com uma tão simples claridade sobre a testa
(7)     Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
(8)     De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
(9)     Servindo sucessivas gerações de príncipes
(10)    Ainda um pouco toscos e grosseiros
(11)    Ávidos cruéis e fraudulentos
(12)    Foi um imenso desperdiçar de gente
(13)    Para que ela fosse aquela perfeição
(14)    Solitária exilada sem destino

ANDRESEN, S. M. B. Dual. Lisboa: Caminho, 2004. p. 73.

Observemos, mais de perto o poema a partir já do primeiro verso: “Para que ela tivesse um pescoço tão fino”. O pronome ‘ela’ fornece ao leitor, pelo menos, três informações importantes a saber que vão se apresentar informações sobre um elemento

  1. feminino;
  1. singular;
  1. conhecido do leitor.

A terceira informação não se verifica, em um primeiro momento, na prática leitora imediata, ou seja, não sabemos de que ‘ela’ se está falando no poema. É um ser feminino, único, mas desconhecido do leitor. De fato, o título do poema fica mais claro, trata-se do “Retrato de uma princesa desconhecida”. Todo título merece ser lido e usado como guia de leitura. Nele as informações aparentemente desconexas do poema ganham um sentido mais coeso.

Assim mesmo, despertados pelo incômodo ou estranhamento provocado por essa aparente incoerência, ficamos mais atentos aos substantivos que aparecem a seguir no poema: “pescoço” (verso 1); “pulsos”(verso 2); “olhos”(verso 3); “espinha”(verso 4); “cabeça” (verso 5) a que são atribuídas qualidades: “fino”(verso 1); “quebrar de caule”(verso2); “frontais e limpos”(verso 3); “direita”(verso 4); “erguida”(verso 5).

Trata-se de uma mulher e não de uma mulher qualquer, mas de uma princesa, como nos diz o título do poema, descrita ou retratada como um ser perfeito, “Com uma tão simples claridade sobre a testa” (verso 6). O olhar do texto, como já anunciado no título, não se detém em quem ela é, como indivíduo – trata-se de uma desconhecida –, mas antes no que foi necessário “para que” ela, a princesa desconhecida se tornasse assim.  Nesse sentido, a repetição de “para que” torna-se muito importante na engenharia do poema. E para que ela fosse como ela é, “Foram necessárias sucessivas gerações de escravos” (verso 7).

Esses escravos não serviram apenas a essa princesa desconhecida. O poema afirma que eles trabalharam “de corpo dobrado e grossas mãos pacientes” para “sucessivas gerações de príncipes” (verso 9). Assim, enquanto a princesa é toda beleza, os escravos são colocados numa situação inferior, “dobrados” e deles apenas ficamos sabendo das mãos “grossas” e “pacientes”. Mas os príncipes não nasceram nessa condição superior, como a princesa desconhecida. Ao contrário, eles eram “um pouco toscos e grosseiros / Ávidos cruéis e fraudulentos”. Sobre a evolução moral dessa elite, não sabemos. Apenas sabemos da beleza externa da princesa que poderia continuar sendo cruel e fraudulenta, mas agora não mais tosca ou grosseira.

Essa transformação exigiu “um imenso desperdiçar de gente”. Ainda que o texto fale de uma princesa específica, cujo nome não nos é dado a conhecer, o poema se  posiciona não especificamente contra ela, mas contra todos aqueles que se consideram melhores que o restante da humanidade, príncipes, e conseguem tratamentos privilegiados a partir do trabalho compulsório (ou seja, obrigatório) de outros seres humanos. Em outras palavras, o poema, embora descreva uma situação tenta nos influenciar a aderirmos a uma determinada opinião:

O trabalho compulsório de escravos proporcionou privilégios aos príncipes.

Por argumentação entendemos qualquer tipo de procedimento utilizado pelo produtor de um teto com vistas a levar o leitor a dar a sua concordância com uma tese defendida pelo texto.


Por tese, entendemos uma afirmação que pode ser negada ou confirmada, ou seja, o leitor pode atribuir um valor de VERDADE ou FALSIDADE. Em outras palavras, o leitor pode considerar a afirmação como sendo verdadeira ou falsa. Por isso, ela precisará ser defendida (ou argumentada) no corpo do texto.

Exemplo de TESE:

o trabalho compulsório de escravos proporcionou privilégios aos príncipes.

Essa é a tese implícita ao poema "Retrato de uma princesa desconhecida"  Ou seja, mesmo que ela não esteja ali, clara, com todas as letras, o leitor deve poder compreendê-la e reconhecer qual a posição defendida pelo texto que lê.

Numa tese, temos sempre:

Um sujeito abstrato (genérico): o trabalho compulsório de escravos (Quem ou o quê? Ou seja, de quem se fala...)
Um verbo: proporcionou (o que esse sujeito faz)
Um complemento do verbo: privilégios aos príncipes (o que proporcionou? A quem?)

A tese não precisa ser apresentada de modo explícito, palavra por palavra, em um texto. Ela, contudo, deve ser identificável para o leitor.  Ou seja, mesmo que ela não esteja ali, clara, com todas as letras, o leitor deve poder compreendê-la e reconhecer qual a posição defendida pelo texto que lê. 

Quando um texto tem como objetivo principal analisar e interpretar dados da realidade por meio de conceitos abstratos visando a convencer-nos de uma tese, estamos diante de um texto dissertativo-argumentativo.


No texto dissertativo-argumentativo, a tese se desenvolve não a partir de conceitos específicos, como ao falar de uma determinada princesa, mesmo que desconhecida, mas sempre a partir de conceitos abstratos.

Por conceitos abstratos, entendemos conceitos amplos, genéricos, que nos remetem não a uma situação específica, mas a algo geral, aplicável a muitas circunstâncias diferentes. 


Vejamos um exemplo de um texto dissertativo-argumentativo:



Exclusão digital é um conceito que diz respeito às extensas camadas sociais que ficaram à margem do fenômeno da sociedade da informação e da extensão das redes digitais. O problema da exclusão digital se apresenta como um dos maiores desafios dos dias de hoje, com implicações diretas e indiretas sobre os mais variados aspectos da sociedade contemporânea.

Nessa nova sociedade, o conhecimento é essencial para aumentar a produtividade e a competição global. É fundamental para a invenção, para a inovação e para a geração de riqueza. As tecnologias de informação e comunicação (TICs) proveem uma fundação para a construção e aplicação do conhecimento nos setores públicos e privados. É nesse contexto que se aplica o termo exclusão digital, referente à falta de acesso às vantagens e aos benefícios trazidos por essas novas tecnologias, por motivos sociais, econômicos, políticos ou culturais.

(do ENADE - 2011)

Dados concretos aparecem em um texto dissertativo apenas para ilustrar leis ou teorias gerais. Além disso, embora na dissertação não exista uma progressão narrativo-temporal dos enunciados, ou seja, não se está contando uma historinha, mais do que em qualquer outro texto, é muito importante deixar claro ao leitor as relações lógicas que os enunciados mantém entre si.

O texto disserativo-argumentativo não permite que se altere à vontade a sequência do que se diz. Usualmente, após apresentar o tema tratado, dando a dimensão da importância do que se irá defender, apresentamos os argumentos. Primeiro, os mais fracos e, em ordem crescente, deixamos o mais forte para o final. Claro o que são argumentos mais fracos ou mais fortes dependerá muito de que leitor se tem em mente ao escrever. Por exemplo, o que pode ser decisivo no campo da ciência para um religioso católico pode não o ser para um médico ateu.

No término do texto dissertativo-argumentativo, é comum fazer uma síntese do que se falou, mais uma vez, considerando o leitor que se tem mente e destacando uma ideia conclusiva.



9 de setembro de 2013

OLHARES PARA A VIDA


Nossos olhares para o mundo podem ser divididos em dois: o olhar de presença e o de ausência.O olhar de presença presta atenção, estando disposto a enxergar o melhor e a promover o bem. O olhar de ausência é indiferente e apressado, não está preocupado legitimamente com aquilo a que se dirige.
Por vezes, nosso olhar enxerga a solidão. Em alguns momentos a solidão é desagradável e deve ser evitada. Contudo, ela nem sempre é um sentimento ruim, pois pode tornar-se uma oportunidade para a reflexão: um diálogo entre nós mesmos e uma oportunidade de repensarmo-nos diante da vida e de seus mistérios.
Esses momentos de solidão são também momentos de silêncio e de abertura para que o mundo nos interprete. São momentos em que entramos em contato com o Mistério da vida.
Todos nós sentimos necessidade constante da palavra: falar e ouvir, por isso, os momentos de silêncio podem parecer muito difíceis.
Nesses momentos olhamos e percebemos a realidade ao nosso redor. O silêncio permite-nos prestar maior atenção nos fatos do mundo, para compreender a realidade e  comunicarmo-nos com ela.
Segundo Martin Buber, nosso olhar pode ser de observação, como quando olhamos as coisas buscando identificar todas as suas características. Pode ser também de contemplação,  quando temos a intenção de conhecer a essência do outro que ali está, registrando aquilo que nos impressiona no que observamos, prestando atenção a detalhes que passariam desapercebidos no processo de observação. Pode ser também de tomada de conhecimento íntimo, quando nos esforçamos para ver o outro, como parte de quem somos, permitindo-nos que ele nos diga algo que se projeta no interior de nossa própria vida. Todos esses olhares são importantes e colaboram entre si para a construção de nossa identidade.
No olhar que enxerga o outro como parte de quem somos há o convite para repensarmos a vida e planejar as nossas ações futuras. Tomamos assim decisões sobre quem somos e quem desejamos ser. Cultivamos uma espiritualidade que se faz compreensível e presente no mundo e que se nos relaciona individualmente com valores que estão para além de nós mesmos e de nossas necessidades mais imediatas.
Precisamos de nossas sensações para construir a nossa espiritualidade e descobrir na intimidade de quem somos o Mistério Transcendente. Segundo Edith Stein, todas as nossas sensações podem agrupadas em três categorias: orgânicas (a fome, a sede, o sono etc); emocionais (a alegria, a dor, a melancolia etc.) e espirituais (a sensação de estar vivenciando o Transcendente, o amor desinteressado etc.).

5 de setembro de 2013

O AZUL DO SILÊNCIO


Julian Opie (2000). Cowbells Tractor Silence. Londres: Tate Gallery


Em algum momentos damo-nos conta de que nunca poderemos compreender tudo ao nosso redor. Nesses momentos, somos convidados a abrirmo-nos a que o mundo nos interprete. Nesse momento, podemos, em silêncio,  olhar para o interior de nós mesmos, e ali encontrar-se com o Transcendente, o Mistério mais profundo da vida se comunica conosco e nos motiva à ação. 
Nesse momento, percebemos que nossa identidade não surge do nada, que as coisas não se fazem por si mesmas, mas que embora haja algo além do que é mais imediato e que nos cerca, temos a oportunidade de construir a felicidade considerando, também, a presença cotidiana desse mistério sagrado que se manifesta na própria vida. Viver pode se tornar, então, uma constante experiência mística.
A obra de arte, de Julian Opie,  ja desde o seu titulo, evoca o silêncio. O ceu azul toma quase que a totalidade da obra, deixando a nossa mente livre para ‘voar’. Mas, ao longe, uma casa, nos lembra que a presença humana é importante, fundamental para voltarmos desses momentos de interioridade e continuarmos as nossas caminhadas.



19 de junho de 2013

CAMINHANDO PELAS CIDADES – MANIFESTAÇÕES NO BRASIL

As pessoas estão insatisfeitas no Brasil. Há muito tempo. Todos nós sabemos bem que as coisas não andam bem, mas como andam, não paramos. Seguimos. E outros seguem na frente, supostamente, guiando-nos. Tão ou mais perdidos do que nós mesmos, eles parecem apenas desejar uma coisa: perpetuar-se no poder. Então a manifestação vai tomando conta das ruas. Lentamente. Agradece-se a colaboração que a PM de São Paulo, na quinta-feira fatídica do dia 13 de junho deu ao movimento. As pessoas sentiram-se revoltadas com o que viram e ouviram. Uma boa parte da imprensa, até então subserviente ao que consideravam poder, sentiu-se ofendida. Resolveu participar na formação da opinião pública. Esse é, afinal, também o seu papel. Até políticos e artistas tentaram carona nessa cauda de foguete. 
O Movimento pelo Passe Livre defende a redução da tarifa. Apenas. Uma pena tão pequenas ambições em rostos tão cheios de promessas. O povo começa a quere mais. Quer respeito. O jeitinho brasileiro foi a característica escolhida pelos governantes para construir o modelo de Brasil. Somos o país que deu certo roubando, incentivando a corrupção, a injustiça social e, principalmente, a maquiagem social. Fazemos tão bem a maquiagem social que, nós mesmos, maquiadores, acreditamos nela. Acreditamos? No fundo não, mas não podemos parar. Temos de seguir caminhando. Rumo a nós mesmos. A opinião pública começou a ver-se nas manifestações não pelos vinte centavos, mas pela sua própria dignidade. Por que sabemos bem que o ‘jeitinho brasileiro’ não é, realmente, a nossa essência, mas é máscara de nós mesmos. 
Da nossa herança colonial, aprendemos a representar o que não somos a partir do que, efetivamente, somos. Essa lição aqueles do poder não a aprenderam. Ou não a desejaram aprender. No fundo, sabemos que ser o país do ‘jeitinho brasileiro’ é ruim para nós mesmos. Furar a fila, enganar o vizinho, roubar no troco etc etc etc são práticas comuns, mas gostaríamos, no fundo, que não o fossem. Quando o governo escolhe, contudo, a via do ‘jeitinho brasileiro’ como modo de governar, ensina-nos que não temos escolha a não ser a resignação. Temos de resignarmo-nos a ser aqueles que não são, mas que fingem ser. 
Não é Dilma que dá o bolsa família de R$80,00. Sou eu, é você, somos todos nós com o nosso suor sagrado que se deposita nos cofres públicos por meio dos impostos . Não é o Alckmin que faz o metrô de São Paulo. Sou eu, é você, somos todos nós que vamos trabalhar diariamente apesar das notícias cada vez mais catastróficas de assaltos, superlotações nos meios de transporte e engarrafamentos quilométricos. E o metrô atrasa e as construtoras se enriquecem cada vez mais. E o bolsa família se transforma em um bolsa esmola que não ensina nunca a pescar, apenas dá o peixe e dá votos no toma-lá-dá-cá. E tudo bem, para tudo damos um jeitinho... Mas estamos cansados, não estamos? 
Então o povo vai às ruas. “Não são só vinte centavos”. Mesmo que o MPL não o queira. Não o são. É a nossa própria identidade em causa. Não é apenas a educação, a saúde, os transportes, a habitação e, principalmente, a corrupção. É a nossa identidade. Somos quem nos disseram que somos: o país da festa e do futebol que prefere ter estádios a decência e dignidade? O país que se contenta com as migalhas de R$80,00 e assiste, assombrado, ao circo e ao pão sendo distribuído enquanto os grandes vão à ópera e aos lautos jantares? O povo vai às ruas. Eu alimento a esperança de que essa seja uma resposta pela própria identidade popular. 
Há os baderneiros. Há os que não sabem protestar. Há os infiltrados. Há os filtrados. Há o povo sozinho caminhando acompanhado de si mesmo e de quem deseja ser. Desejar ser já é uma forma de ser, não é mesmo? Então os governantes se assombram. Querem tirar partido desse movimento. Querem transformá-lo em porta para o jeitinho brasileiro. Há o medo. Há o cansaço. Há a clara percepção de que não se pode tratar uma Copa do Mundo melhor do que se trata o doente e o estudante e há uma percepção mais clara ainda de que essa Copa se torna a desculpa perfeita para a corrupção. Há a percepção de que roubar virou algo lícito, desde que não se seja pego. E se for pego, desde que se seja rico e influente o suficiente. E não é esse o Brasil que desejamos. O brasil das máscaras, do oba-oba, do jeitinho. 
Então o povo vai às ruas. Ainda nem bem sem saber o porquê. Vai sozinho, atendendo a um chamado com o qual não concorda completamente, de uma redução de vinte centavos. Vai para mostrar que não está feliz. Vai para sonhar e transformar sonhos em realidades. Sonhos são sempre os liames entre o delírio e a esperança. O que virá a seguir?

7 de junho de 2013

INTERPRETAR UMA OBRA DE ARTE - PARTE 1


Interpretar uma obra de arte envolve o conhecimento do estilo de uma época e das técnicas empregadas, mas... Há sempre um mas. O mais importante é descobrir na obra a tensão entre a realidade do mundo e a contemplação que o artista fez dessa realidade.
Essa contemplação certamente envolveu um olhar que pensou e sentiu o mundo e que, depois, o recortou. Nesse recorte o artista procurou encontrar as estruturas profundas, compostas por poucos elementos que se repetem e formam padrões na obra de arte.
A tensão entre mundo e arte será tão mais complexa quanto intensa for a proposta semiótica (ou seja, crítica) da obra.

20 de maio de 2013

DO PENSAMENTO À AÇÃO: APRENDENDO COM AS BORBOLETAS...



Todo pensamento vale sua existência pelo simples exercício de pensar. Pensar é um luxo nos dias atuais em que há tantas maquinações para pensarem por nós. Apresentam-nos, calmamente e com a maior desfaçatez, o que e como devemos pensar. 

Nada mais temos a fazer do que reproduzir. E a maior ilusão que nos impingem sequer é essa, mas fazem-nos crer que os pensamentos dos outros que pensamos, como quem se alimenta de comida regurgitada são, na verdade, pensamentos nossos, que estamos sendo originais. Acreditamos, sinceramente, que pensamos o que outros pensaram por nós.

De fato, todo pensamento, genuinamente nosso, vale a sua existência pelo simples exercício de pensar. Mas isso não o legitima.

O exercício de pensar não termina em dar à luz o pensamento. Como parte desse exercício há o pedido urgente para visitar esse pensamento em botão pelo bom senso, pela justiça, pela ternura e pela caridade antes de que ele se torne palavras e ação.

Isso porque as palavras e as ações repercutem nas outras pessoas, mesmo que esse outro sejamos nós mesmos. Então as palavras e ações, enquanto são ainda pensamentos, precisam aprender a lição das borboletas.

No campo e nas matas vemos as borboletas cheias de cor e vida, mas sabemos que antes elas foram crisálidas abrigando uma lagarta. A lagarta é o nosso pensamento. Ele deve estar prenhe de virar crisálida, ser pensado como pensamento, ser visitado pela ternura, para não promover a agressividade e a dor, pela justiça, para não falhar com ninguém, pelo bom senso, para não cairmos no ridículo e pela caridade que é expressão do amor e, afinal, o amor é o que, de fato, fica. O amor nunca acaba.

Como nos fala a canção mínima, de Cecília Meireles:

Canção Mínima

No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.


A TRANSCENDÊNCIA, A FÉ E A ARTE...


Todos nós somos limitados e feitos de fragmentos. Pedaços de quem somos fazem com que muitas vezes sejamos, até, contraditórios. Falamos algo e somos até sinceros em nossa exposição, mas pouco depois agimos de modo contrário àquilo que dissemos. Espantamo-nos que no nosso coração sejamos capazes de sentir, ao mesmo tempo, sentimentos contrários entre si.

Já o antigo poeta romano Catulo (Verona, 87 ou 84 a.C. - 57 ou 54 a.C.) disse:

Odi et amo, quare id faciam fortasse requiris, nescio sed fieri sentio et excrucior

(= Odeio e amo, como isso é possível, você se pergunto. Não sei, apenas sei que assim o sinto e sofro muito por causa disso)

Mas, em algum momento, podemos viver uma experiência de transcendência. Ou seja, por algum motivo, experimentamos uma sensação de totalidade. Sentimo-nos, de fato, um. E, por vezes, não apenas um conosco mesmos, mas até um com os outros que vivem ao nosso redor.

O espírito humano então se eleva sobre as fronteiras que o tornam pequeno, menor do que gostaria de se sentir e ele se sente total. É uma experiência do cotidiano. Trata-se de uma elevação sobre os limites da vida que nem sempre é religiosa e, por natureza, é sempre de curta duração. Nem mesmo para o místico dura por muito tempo. É tarefa da religião preservar essa experiência, permitindo que  ela ajude aquele que crê a se aproximar de Deus.

É também tarefa das Artes preservá-la. Possibilitando que o observador experiente se aproxime mais perto de si mesmo e do outro, construindo-se em ponte. O poeta Mário de Sá Carneiro (Lisboa, 1890 - Paris, 1916) escreveu:

“Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro”.

A arte, sozinha,  não pode assegurar que essa ponte seja de amor ou de tédio. Isso cabe a cada um de nós escolher. Tais escolhas nunca são fáceis e levam-nos a visitarmos cada espaço interior nosso no trato cotidiano. Melhor optar por ser ponte de ternura e amor. Mas uma coisa é certa: somos pontes de ‘mim para o Outro’.

10 de maio de 2013

O APRENDIZADO DE AMAR O CORPO




Muitos se sentem incomodados com o seu corpo. Alguns por considerá-lo feio: muito alto, muito baixo, muito gordo, muito magro... Outros por uma sensação de nojo, como se no corpo morasse o erro e o pecado. Ainda há aqueles que, na direção oposta, são obsessivos com o seu corpo, vivem quase que unicamente para ele, idolatram-no como se ele fosse um deus.

Somos mais do que o nosso corpo, mas nada somos sem ele. O corpo não somos nós, mas sem ele não vivemos. Nem ele vive sem nós. Sem dúvidas, o nosso corpo é dom de Deus. O nosso e o dos outros. Como dom de Deus, devemos amá-lo e protegê-lo, honrá-lo. Amar o próprio corpo, como qualquer forma de amor, é um constante aprendizado. Exige domínio de uma linguagem própria, de paciência e constância.

O corpo exige cuidados: ele precisa ser olhado com carinho e atenção. Ele solicita respeito. O desrespeito ao corpo, mais cedo ou mais tarde, cobrará um preço. E ele costuma cobrar caro, com juros. Quem não respeita os limites do corpo e o sobrecarrega, poderá até se dar bem momentaneamente, hoje, mas corre o risco de mais tarde vir a se queixar. O corpo se rebela, não gosta de excessos. Até a rotina excessiva é perigosa e casa o corpo.

Álcool de mais, açúcar de mais, gordura de mais... podem levar ao desequilíbrio do corpo. Assim como consideramos importante aprender a ler e a escrever, devemos aprender a comer, beber e nos vestirmos bem. Comer, beber e se vestir são atividades que, quando bem feitas, procuram o equilíbrio. É necessário promover uma educação do corpo na suas muitas dimensões.

Se o corpo anda rebelde, em batalha conosco, é conveniente procurar ajuda especializada. Conversar com um médico pode ser adequado. Conversar com Deus também. Uma ajuda não tira a outra, visto que foi Deus que permite que os médicos se preocupem com os corpos humanos e os inspira no desenvolvimento da medicina. Mas, há algo que apenas Deus pode cuidar em nós... e no nosso corpo.
Detestar e maltratar o corpo não é virtude. Ele não deve ser considerado
como o que de mais importante temos em nós, mas ele não deve ser deixado de lado, como se ele não tivesse valor. O nosso corpo é presente de Deus. Deus não nos daria um presente sem valor.

Ninguém deveria pegar seu carro para dirigir em uma estrada longa sem saber se esse carro tem gasolina, se os freios estão funcionando bem etc. Do mesmo modo, o nosso corpo pede atenção constante.

Colocar veneno no seu corpo,tal como ocorre com quem consome drogas, é um modo de desprezar-se e, desse modo, desprezar o seu corpo. É um modo de desamor. Onde há desprezo, falta o amor. Quem se droga, não se ama. O corpo não é uma lixeira. O exercício constante do amor afugenta o excesso, inclusive o desprezo com o corpo que leva ao consumo das drogas. O desprezo é um modo excessivo de desconsiderar-se. O ponto é o equilíbrio.

Alguns acham estranho orar a Deus sobre o seu corpo. Como se Deus apenas se interessasse com a nossa dimensão espiritual. O corpo é santuário da pessoa humana, que foi criada à imagem e semelhança de Deus. É apropriado orar a Deus pelo e sobre o nosso corpo.

Os católicos celebram a festa do Corpo do Filho de Deus, o Corpus Christi. Nessa ocasião celebra-se a fé no corpo glorioso de Jesus. Eis um motivo muito forte para amar o seu corpo e para ensinar a amar. Em consideração ao corpo santo de Cristo, que foi dado como resgate pelos nossos pecados, devemos alimentar um respeito santo pelo nosso próprio corpo.

Como educadores, devemos dar muito valor ao aprendizado envolvido em cuidar e respeitar o corpo, sabendo relacionar-se com ele adequadamente.


9 de maio de 2013

PARTILHANDO UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA

Feliz experiência inédita no final de semana na pós-graduação em 'Liturgia, Ciência e Cultura' na PUC-SP: professor da disciplina "Liturgia e Semiótica" , junto com o professor Pe. Danilo César dos Santos Lima. Dois professores, de áreas tão diferentes, enfrentando um diálogo produtivo e inovador...

6 de maio de 2013

EDUCANDO PARA AMAR...




O amor exercita a doação, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.

O amor pressupõe uma orientação produtiva que supera a dependência, a onipotência, o narcisismo, o desejo de usar os outros. O amor é para aqueles que adquiriram a fé em suas próprias capacidades humanas e nas do outro, bem como as forças para atingir seus objetivos, sem desanimar, sem perder a esperança. Isso tudo porque amar é o exercício da doação e dar-se é uma atividade exigente.

Além do elemento doação, a dinâmica sempre ativa do amor exige o cuidado. Essa característica ganha uma dimensão máxima no amor de uma mãe pelo seu filho. A mãe evidencia o amor pelos seus filhos cuidando deles: de sua alimentação, de sua higiene, de sua saúde, do seu conforto físico.


O amor é a preocupação ativa pela vida e crescimento daquilo e daqueles que amamos. Onde falta essa preocupação ativa, falta o amor. E, muitas vezes, sobram palavras.


A responsabilidade é, antes de tudo, um ato inteiramente livre e voluntário. É a resposta que damos às necessidades do Outro. Ser responsável é responder ao que o outro nos diz, mesmo sem palavras.

Depois de Caim matar Abel, Deus lhe pergunta pelo seu irmão. Caim responde: 

Sou, por acaso, o guarda de meu irmão?”. 

A resposta da responsabilidade originada pelo amor é “Sim, a vida do seu irmão não interessa apenas a ele, mas também a você!”.

O amor conduz-nos a sentirmo-nos responsáveis pelos nossos semelhantes assim como nos sentimos responsáveis por nós mesmos.

 A mãe, no amor responsável que a constitui, supre as necessidades de seu filho. Mas o amor não se limita às necessidades físicas ou materiais. O amor cuida psicologicamente.


Respeitar alguém é preocupar-se com o crescimento pessoal dessa pessoa, desenvolvendo-se plenamente como ela é. Por isso, o respeito surge como árvore forte no terreno do amor e, ao mesmo tempo, sem respeito, o terreno do amor se endurece e transforma em outra coisa. O respeito baseado no amor visa ao bem do outro, do seu crescimento individual para a sua própria felicidade e não para que essa pessoa venha a servir-me.

Ao amar alguém, sinto-me um com essa pessoa, mas com essa pessoa tal como ela é e não como eu necessito que ela seja para meu bem-estar pessoal. Por isso, o respeitar o outro exige que eu seja autônomo, que eu consiga andar sem muletas, sem ter de dominar ou explorar os outros. 

Doação, cuidado, responsabilidade e respeito definem o amor. Por isso, amar exige que conheçamos o outro. Quaisquer outras características seriam cegas e mecânicas se não fossem guiadas pelo conhecimento.


O conhecimento sobre o qual o amor se edifica não fica na periferia, mas adentra nas profundezas do outro, não guiado por interesses mesquinhos de fofoca, mas movido pelo desejo de fazer o bem, de partilhar. Isso só é possível quando estamos dispostos a conhecer o outro não movidos pela preocupação de nós mesmos, mas para ver melhor a essa pessoa em seus próprios termos.



Posso saber que uma pessoa está com raiva, ainda que ela não o demonstre. Mas, porque a conheço, sei que ela não está bem. Mas posso conhecê-la ainda melhor e então compreendo que essa raiva é fruto de outra preocupação, de uma ansiedade causadas por uma sensação de culpa ou de solidão. Sei então que a sua raiva é apenas a manifestação de algo mais profundo, de uma ansiedade e preocupação, as quais, por sua vez, tem raízes em sentimentos ainda mais complexos, como sentir-se só ou culpado. Então, focamo-nos não na raiva dessa pessoa, que até nos irrita, mas, porque a conhecemos, vemos a sua ansiedade, a sua preocupação, a sua tristeza. E a amamos mais ainda.





EDUCAÇÃO E RESPONSABILIDADE


3 de maio de 2013

BULLYING - ALGUMAS PERGUNTAS PERTINENTES


O QUE É O BULLYING?

O termo 'bullying' traduz uma reflexão nova sobre um problema antigo: o da violência escolar entre os alunos. O termo inglês bully ou seja valentão é a raiz do termo bullying, que se caracteríza por agressões intencionais, psicológicas ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Inclui também a exclusão social e o ciberbullying. Não podemos ir de uma ponta à outra e considerar brigas ocasionais como bullying, nem toda agressão é bullying, mas todo bullying é uma agressão, uma das principais causas de suicídio entre jovens.
O bullying não tem idade, propriamente.

A partir dos 3 anos, as crianças já podem ser agressivas com seus pares, provocando bullying, ou seja, uma ou mais crianças podem ser agressivas constantemente contra um colega, ofendendo-o ou excluindo-o. É um fenômeno que ocorre entre meninos e meninas, mas com algumas diferenças. Entre os meninos costuma ser mais frontal, com uma agressividade mais visível. As meninas costumam ser mais veladas, com o uso de fofocas, olhares e principalmente, exclusão social. Elas agem de acordo com a expectativa social que considera as meninas mais docéis que os meninos, mais 'quietinhas'. Mas as formas veladas de bullying podem ser tão ou mais crueis do que as formas visíveis.

 POR QUE OCORRE O BULLYING?

Usualmente, o bullying revela um desequilíbrio psíquico do agressor. Ele se sente menos, de algum modo, e deseja compensar isso sentindo-se mais popular, mais poderoso e mais querido. Na base da violência costuma estar a sua própria insegurança e uma visão distorcida da autoimagem. Discute-se muito o papel da influência nesse processo, mas é sabido que aprendemos - coisas boas e más - por meio de modelos. Assim, modelos de violência em casa costuma replicar-se em outras situações. A violência gera violência e, em alguns casos, crianças que sofreram bullying podem ser causadoras do bullying em outras.

Importante destacar o papel de coautoria dos que assistem e incentivam, nem que seja apenas com a sua presença, o bullying sendo praticado. Usualmente não se considera essa figura na importância que ela tem, de coautoria, participando no processo de fornecer lenha à fogueira de violência acesa pelo agressor.O bullying não pode ser visto como um circo ou espetáculo. Muitas vezes o bullying é incentivado como forma de ‘diminuir’ o tédio entre os adolescentes. E a presença da assistência encoraja essa atitude.

 E QUANDO SE É VÍTIMA DE BULLYING?

Não reagir no nível do agressor. Ou seja, o agressor é como um assaltante de sua integridade e, via regra, sabe que pode tirar partido dessa condição aparentemente superior. Evitar situações de confronto e perigo e, sobretudo, procurar ajuda. Ao procurar ajuda, a tendência é que a provocação cesse.
Procure ajuda e se essa ajuda não se mostrar a altura da gravidade do problema, recorra a outras instâncias. A figura do psicopedagogo está entrando na escola com cada vez maior força e esse profissional, quando devidamente preparado, pode trazer benefícios. Vale a pena também procurar os pais e, até, a direção da escola. O importante é não calar, mas contar para pessoas de confiança.
A par disso, investir no desenvolvimento da autoconfiança. Você não é a imagem que o agressor está divulgando de você, mas a dor pode ser tanta que pode confundir a pessoa, ainda mais no período de descoberta e reconstrução que é a adolescência. A experiência do bullying é tenebrosa, mas, até lamentavelmente, não é um caso isolado, portanto, não há porque se sentir, efetivamente, excluído. É importante ter claro que os errados são os agressores, não as vítimas. Praticar um esporte ou inscrever-se em um curso ou investir em quaisquer talentos pode ser um modo de cultivar a autoconfiança que as práticas de bullying podem minar.

 E QUANDO A VIOLÊNCIA É CONTRA OS PROFESSORES?

Não se trata de bullying, mas é igualmente comum na escola atual e exige a reflexão sobre o convívio entre os membros da comunidade escolar. Quando as agressões ocorrem, o problema é de toda a escola. Importante priorizar essa violência no ambiente escolar, não escondê-la ou diminuir a sua gravidade. Em uma reunião com todos os educadores, pode-se descobrir se está acontecendo com outras pessoas da equipe para intervir e restabelecer o respeito.
O ponto central é investir no desenvolvimento do RESPEITO no ambiente escolar, começando pelo respeito dos professores (e outros educadores) para com os alunos.
A questão a responder é se o problema é com um professor só ou com a escola como um todo. Se é apenas de um aluno para com os professores ou de todos os alunos.
Se é com um professor só, isso não significa que a ‘culpa’ seja do professor. Ele é vítima da violência, mas deve-se entender o processo, pois pode ser que o estudante esteja tendo problemas em legitimar a autoridade docente. O professor é uma autoridade na sala de aula, mas essa autoridade só é legitimada com o reconhecimento dos alunos em uma relação de respeito mútua.
Em questão de respeito, não basta dizer: "Olha, você me respeite!". O respeito se conquista e se constrói.
Importante investir na construção do respeito no espaço escolar. O que nunca pode ocorrer é o professor revidar no mesmo nível ou demonstrar, de qualquer modo, violência, falta de controle ou ser modelo de desrespeito. Os papeis sociais são bem diferentes: o educando está em processo de formação e o educador é o adulto do conflito e precisa preservar a sua dignidade, não ganhar a briga.

 COMO EDUCADORES, QUAL DEVE SER A NOSSA REAÇÃO?

Importante nunca subestimar a situação. A violência escolar não é normal. Não se consola a vítima dizendo que o acontecido 'não é nada', que 'está tudo bem' etc.
É fundamental ouvir a vítima com atenção e respeito. Como quem deseja ajudar, mas permitindo que a pessoa se expresse sem ser cortada ou como quem tem pressa em que se acabe o assunto.
O respeito é um dos principais saberes que devem ser desenvolvidos em sala de aula. Dar um tratamento prioritário ao desenvolvimento do respeito, não imaginar que o aluno já sabe respeitar, é algo que deve ocupar o currículo e o imaginário da escola.
O educador deve deixar claro que não tolera a violência ou o desrespeito. E isso deve ser demonstrado no cotidiano, pela prática. Há um perigo muito grande nas ‘risadinhas’ ou em atitudes que replicam desrespeito aos alunos. O educador deve ser exemplo em respeitar o estudante. O educador (pai, professor, diretor etc) deve mostrar-se exemplo de moral e de princípios.
A solidariedade, a generosidade, a convivência devem ser procedimentos desenvolvidos conscientemente na prática educativa escolar e familiar.
Quando se sabe de um problema é importante aproximar-se do aluno que ameaça os colegas, sem expor ou diminuir as vítimas. É comum que tal aproximação ajude a mudar a atitude. Muitas vezes, o agressor também é, de algum modo, vítima de abuso verbal ou físico em casa. Ou de uma educação sem valores.
É, portanto, muito importante que a escola se aproxime também do agressor. Ouvindo-o.
Sozinha, a escola não consegue uma solução. O caminho envolve diferentes forças trabalhando solidariamente: escola, estado, pais, mídias etc. Normalmente é no ambiente escolar que se demonstram os primeiros sinais de um praticante de bullying e que mais tarde poderá se tornar um adulto violento com dificuldades de lidar com os outros e consigo mesmo.
Os pais devem se mostrar próximos da escola, tanto quando o fílho é vítima como quando é agressor. Por vezes, o filho agressor também é vítima de uma situação específica que requer atenção, sem deixar de lado os limites. Então, escândalos ou demonstrações de poder na frente dos outros não resolvem nada. 
No dia a dia, é importante ensinar o valor dos limites. A falta de limites é um dos problemas mais sérios no desenvolvimento de uma mentalidade das crianças e jovens. Cria-se a fantasia de que 'posso fazer qualquer coisa que, no final, me saio bem'. Desse modo, resulta uma mentalidade igualmente fantasiosa de 'posso agredir quem quer que seja, pois sou melhor do que o outro". Daí para problemas piores, é um pulo.
O respeito à alteridade é uma aprendizagem escolar e familiar fundamental para criarmos uma verdadeir cultura antibullying.